48a. SESSÃO SOLENE DA 4a. SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA IX LEGISLATURA.

 


Em 23 de outubro de 1986.

Presidida pela Vera. Gladis Mantelli - Vice-Presidente.

Secretariada pelo Ver. Isaac Ainhorn - 1º Secretário.

Às 14h30min, a Sra. Gladis Mantelli assume a Presidência.

 

 


A SRA. PRESIDENTE: Havendo número legal, declaro abertos os trabalhos da presente Sessão Solene, em homenagem ao 60º aniversário do Colégio Batista, ocasião em que será entregue o título honorífico de Cidadã Emérita a Sra. Thelma Frith Bagby.

Solicito aos Srs. Líderes de Bancada que introduzam no Plenário as autoridades e personalidades convidadas. (Pausa.)

Convido a tomarem assento à Mesa: Profa. Klaudy Garros, Diretora do Colégio Batista; Sr. Glênio Peres, Vice-Prefeito de Porto Alegre; Sra. Helenara Nagelstein, representando neste ato a Sra. Antonia Collares; Pastor Wilson Alves de Oliveira, Secretário Executivo da Convenção Batista do Rio Grande do Sul; Prof. Roberto Said, Presidente do Conselho Estadual de Educação e Sra. Thelma Frith Bagby, homenageada.

Falará em nome da Casa o Ver. Isaac Ainhorn, autor da proposição, em nome da Bancada do PDT e também em nome das Bancadas do PDS e PMDB.

A seguir haverá a apresentação do Coral do Colégio Batista sob a regência da Profa. Simone Breher.

 

(É feita a apresentação do Coral.)

 

A SRA. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Isaac Ainhorn.

 

O SR. ISAAC AINHORN: Com satisfação registro também a presença nesta oportunidade do esposo da nossa homenageada, o Prof. Alberto Bagby, que muito nos honra com a sua presença aqui, conosco, em Porto Alegre. Senhores Vereadores; meus senhores e minhas senhoras.

Cumpre, inicialmente, explicar a este público que hoje comparece aqui, o que é o título honorífico de Cidadão Emérito de Porto Alegre. Por outro lado, antes de fazer esse registro, quero dizer que a Câmara Municipal de Porto Alegre, nesta tarde, presta uma dupla homenagem: ao Colégio Batista, essa instituição educacional que cumpre a sua missão em nossa Cidade há 60 anos, e a Thelma Bagby, outorgando-lhe aquilo que foi objeto de uma resolução legal de uma lei que lhe concedeu o título honorífico de Cidadã Emérita de Porto Alegre. E esta homenagem, mais do que nunca, tem aquele sentido de ser uma única homenagem, porque a história de Thelma Bagby e de seu esposo Prof. Alberto Bagby, se confunde com a própria história do Colégio Batista. Por esta razão registramos a profunda unidade existente nesta dupla homenagem que hoje a Câmara de Vereadores presta ao 60º aniversário do Colégio Batista e a Thelma Bagby, oportunidade em que lhe outorga o título de Cidadã Emérita de Porto Alegre. E, aqui, gostaria de fazer uma pequena digressão. O autor da proposta, este Vereador que se encontra na tribuna, nesta oportunidade, conheceu a Profa. Thelma Bagby após o encaminhamento do Projeto de Lei de sua autoria, o qual se destinava a outorgar o título honorífico de Cidadã Emérita da Cidade de Porto Alegre àquela Professora. Fui procurado por pessoas que me são muito caras, as quais me informaram que o Colégio Batista completava o seu 60º aniversário, e que uma das figuras mais expressivas da história dessa Instituição, que pertence a Porto Alegre, era a Profa. Thelma Bagby. Foi, então, através dessas pessoas, que tive as primeiras informações, os primeiros dados a respeito de quem era e do trabalho que realizara a Profa. Thelma Bagby, no período em que aqui residiu e que dedicou grande parte de sua vida para a construção da Escola Batista, deixando um legado educacional para a Cidade de Porto Alegre e para o nosso Estado, que ficará marcado de forma decisiva na história da educação do nosso Estado. Quando este Projeto começou a tramitar aqui na Casa, inúmeras pessoas me procuraram dando conhecimento da satisfação em ver Porto Alegre homenageando uma figura como Thelma Bagby, outorgando-lhe o título honorífico de Cidadã Emérita de Porto Alegre.

O seu trabalho educacional teve início aqui na Cidade de Porto Alegre, em 1933, levando o seu magistério, o seu trabalho, a sua obra educacional por 35 anos. A quem melhor outorgar o título de reconhecimento da Cidade de Porto Alegre senão a uma pessoa que deixou tamanho legado, tamanha contribuição a nossa Cidade, a uma pessoa desta espécie, desta qualificação? Num País como o nosso, em que ainda é dominado por esta praga, esta infelicidade - que é o analfabetismo - que missão maior do ser humano senão o trabalho de natureza educacional, a que Thelma Bagby dedicou todos os seus anos de juventude, todo o seu período de maior vitalidade da sua existência, do que esse dedicado à educação ajudando pessoas necessitadas, que muitas vezes não tinham condições e  acesso a uma escola? Pois este, minhas senhoras e meus senhores, em breves palavras, é o perfil da Cidadã a quem a Câmara Municipal de Porto Alegre outorga, hoje, o título honorífico de Cidadã Emérita de Porto Alegre, com justiça. Honra e orgulho este Vereador tem em ter sido autor deste Projeto, consagrado pela unanimidade dos 33 Vereadores desta Casa. O título honorífico de Cidadã Emérita de Porto Alegre, outorgado pelos Vereadores que representam o povo e a Cidade de Porto Alegre, é o reconhecimento Profa. Thelma, é o reconhecimento que a Cidade de Porto Alegre, que o povo de Porto Alegre presta ao trabalho que a senhora realizou em nossa Cidade. Vindo num período extremamente difícil para o Rio Grande do Sul, o próprio Colégio Batista foi fundado num período de uma grave crise na sociedade brasileira, num período de grande transição, num período de natureza eminentemente revolucionária. Foi na década de vinte, de grandes fatos de natureza social, política e institucional, que desaguaram na revolução de 30. E nesse redemoinho de agitação, de convulsão revolucionária de 22, 24, 26 e que desaguou em 30, é no meio desse redemoinho de agitação social que é fundada a Escola Batista. Mas as pessoas que para cá vieram já tinham uma vivência, já tinham uma experiência de trabalho missionário, que foi levado a efeito pelos pais de Alberto Bagby, que se encontram, aqui, presentes conosco. Quarenta anos antes da fundação da Escola Batista, os pais de Alberto Bagby já tinham pisado o solo brasileiro e rio-grandense na sua missão religiosa. E são os parentes de Alberto Bagby e de Thelma Bagby que, vendo na educação a grande alternativa, a grande saída para a construção de um país maior, de um terra mais feliz, se dedicam a quê? A uma alternativa de natureza educacional quando o analfabetismo grassava de uma forma impressionante em qualquer recanto, não só do interior do Estado, mas também nas grandes concentrações urbanas existentes, e até aqui na nossa Cidade de Porto Alegre. Na sua obra religiosa preocupados, alarmados com o grande número de analfabetos é que Alice Bagby entre outros, preocupa-se em criar uma instituição de natureza educacional, para alfabetizar crianças e adultos. É assim que surge a Escola Batista no ano de 1926, como  disse, num momento grave da nossa história. As dificuldades foram de toda a natureza, mas a sua fé, a sua garra, a obstinação dessas pessoas foi mais forte do que as dificuldades e hoje, esta instituição educacional, que continua desempenhando a sua atividade encontra-se mais viva do que nunca. Hoje, quando comemoramos o seu 60º aniversário, já apontando para o seu centenário, e por isso nada mais justo do que esta Casa realizando uma Sessão Solene em homenagem ao Colégio Batista pelo seu 60º e, como se um ato só fosse, outorgando a Thelma Bagby o título honorífico de Cidadã Emérita da Cidade de Porto Alegre, por todo o seu trabalho, por sua dedicação que ficará marcada nas lindes de nossa Cidade, do nosso Estado e do nosso País. Por tudo isso, orgulhosos nos encontramos como Vereadores, como membro desta Instituição de mais de duzentos anos em outorgar este justo título honorífico de Cidadã Emérita de Porto Alegre a Thelma Bagby, acreditando, sinceramente, que desta forma estamos criando uma política sã e pura, fazendo com que esta Casa tenha a responsabilidade de bem representar os senhores que aqui se encontram nesta oportunidade, prestando, junto com a Casa do Povo de Porto Alegre, homenagem a Thelma Frith Bagby.

Encerro minhas palavras reafirmando aqui o lema do Colégio Batista: “Cultiva o espírito, robustece o físico, ilumina a mente, amplia a personalidade e cria caráter”. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

A SRA. PRESIDENTE: Gostaríamos de salientar que está fazendo parte da Mesa o Prof. Roberto Said, Presidente do Conselho Estadual de Educação, que muito nos honra.

Concedemos a palavra ao Pastor Wilson Alves de Oliveira.

 

O SR. WILSON ALVES DE OLIVEIRA: Sra. Presidente, Srs. Vereadores e Srs. Convidados. (Lê.)

Na qualidade de Secretário Geral da Junta Executiva da Convenção  Batista do Rio Grande do Sul, estamos solidários com esta Casa nesta homenagem que estão prestando a Thelma Bagby, pelo trabalho que desenvolveu no Colégio Batista, aqui na Cidade de Porto Alegre.

Cremos ser justa esta homenagem, visto que o Apóstolo Paulo, inspirado, escrevendo na sua Epístola aos romanos, diz: “Honra a quem honra”. E, hoje, esta Casa está honrando esta nobre educadora que, com exemplar dedicação, deixou marco em nossa Cidade, através da sua atividade profícua no exercício do magistério e na direção do Colégio Batista. O Colégio Batista de Porto Alegre, como todos os demais, ele surgiu como uma necessidade de levar aos membros, ainda analfabetos, a luz do saber e da cultura para que se tornassem melhores cidadãos e cristãos, atendendo a uma necessidade social. Estavam os seus fundadores, lançando os alicerces para que dali pudesse surgir esse grande educandário, que hoje faz parte da vida cultural de nossa Cidade, e por onde já passaram cerca de 15 mil alunos marcados pela filosofia de ensino da Casa. O colégio Batista nasceu como um ideal de Helena Bagby, filha do primeiro missionário batista, que no ano de 1881, aportou no Brasil com o coração cheio de amor por esta pátria, que ele ainda não conhecia, mas que passou a amá-la pelas informações recebidas ainda na outra américa. Aqui chegando, na Cidade de Salvador, dia 15 de outubro de 1882, fundava a primeira Igreja Batista com apenas cinco membros, dando início à grande obra.  Sentimos, Sra. Presidente, que o ideal daquele missionário, já expresso pelo ilustre Vereador, vem sentido a necessidade do nosso povo, envolvido na sua quase que totalidade, em um cego analfabetismo. Eles criaram colégios pra levar não somente a palavra de Deus, o ensino do evangelho, como meio de redenção espiritual do homem, mas também completar a formação deste homem, através da cultura e do ensino das sagradas escrituras. Portanto, Sra. Presidente, nobres Vereadores, agradecendo esta homenagem que hoje esta colenda Casa está prestando à Profa. Thelma Bagby, e também ao Colégio Batista de Porto Alegre, nós sentimos o reconhecimento pelo trabalho e a obra que realizamos em prol do homem para que ele possa atingir suas maiores aspirações, sobretudo em seu bem espiritual e assim procurando erguer o homem, este homem criado à imagem e semelhança de Deus, para que ele seja completo e possa com toda dignidade glorificar o nome do seu Criador aqui neste mundo. Em nome dos batistas do Estado do Rio Grande do Sul agradecemos à homenagem que esta Casa está prestando ao Colégio Batista de Porto Alegre e à Profa. Thelma Bagby. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

A SRA. PRESIDENTE: Passamos às mãos da Profa. Thelma Bagby o telex da Sra. Dionéia Soares cumprimentando o Colégio Batista, pela passagem de seu 60º aniversário, e a Profa. Thelma, pelo recebimento do título honorífico de Cidadã Emérita e se desculpando pela impossibilidade de comparecer. No mesmo teor, telex do Governador Jair Soares e do Dr. Ruy Garcia.

Passamos a palavra à Profa. Klaudy Garros, Diretora do Colégio Batista.

 

A SRA. KLAUDY GARROS: Sra. Presidente, Srs. Vereadores e Srs. presentes.

Estar aqui, hoje, na casa do povo de nossa querida Porto Alegre para receber tão significativa homenagem, constitui-se para o Colégio Batista um alto privilégio e especial consideração.

Privilégio e consideração porque como instituição educacional somos equiparados e tantos outros importantes segmentos de nossa sociedade que desenvolvem atividades de inconteste relevância ao bem comum.

É a escola um dos instrumentos primordiais para a capacitação profissional e desenvolvimento do caráter de todo elemento atuante nas relações de uma sociedade. Receio que, sem a escola e sua conseqüência sobre as vidas, o progresso seria um objetivo bem mais difícil de ser atingido. Por isto, tal reconhecimento e homenagem é de todo um ato relevante e significativo.

É, justamente, com esse sentimento e por tal mérito, que aqui comparecemos nesta tarde, sobretudo, felizes porque a demonstração que ora presenciamos comprova que este pensamento permeia nossa Câmara de Vereadores.

Somos, profundamente, gratos ao ilustre Ver. Isaac Ainhorn pela proposição apresentada a esta Câmara, e estendemos nosso reconhecimento aos seus pares que, por unanimidade a aprovaram.

Este legado público, por dever de justiça, devemos estender e dedicar a  um infindável contingente de pessoas idealistas que, com o auxílio de Deus, não hesitaram em prosseguir quando tudo lhes era humanamente adverso.

É imperioso trazer à nossa lembrança a figura saudosa do casal Dona Alice Bagby Smith e Pastor Harley Smith. Com tenacidade e determinação plantaram há 6 décadas, nesta Cidade, uma escola que, mercê dos que a sucederam, floresceu. E mais, deu frutos. Frutos que contribuíram decisivamente para o desenvolvimento não só da nossa comunidade, como também do nosso Estado.

De uma pequena grande escola que, já no seu primeiro ano, matriculou 268 alunos, temos, hoje, uma escola sete vezes maior. A Cidade cresceu e, com ela, o Colégio Batista. E o interesse pelo saber e a conquista de novos horizontes faz crescer também a nossa responsabilidade.

De igual forma lembramos do doutor William Coleman Harrison, cuja memória reverenciamos, e de Dona Helena Bagby Harrison que, certamente, desejaria viver conosco este solene momento, não fora a distância.

Sem dúvida, esta homenagem é também extensiva ao Pastor Alberto Ian Bagby, dedicado ministro do evangelho e sua distinta esposa, Dona Thelma Frith Bagby, hoje recebendo o titulo honorífico de Cidadã Emérita desta Cidade amiga, ambos presentes aqui. Todos estes, deixando sua pátria viram dedicar o melhor de suas vidas para o desenvolvimento cultural e espiritual do povo que cedo aprende a amar.

Como não mencionar porém a ação dos demais mestres, funcionários e milhares de alunos, seus familiares e nossos amigos que conosco convivem ou conviveram nestes sessenta laboriosos anos? Esta homenagem lhes é creditada com respeito e com profundo reconhecimento pelo testemunho de fidelidade, dedicação e, efetiva, participação.

É momento também para destacar a atuação dos componentes da JUNTA de EDUCAÇÃO, órgão administrativo da entidade mantenedora, a Convenção Batista do Rio Grande do Sul, cujo apoio constante tem promovido o crescimento desta instituição.

Senhores, a história de uma escola, idealizada para servir, é sempre uma história permeada de lutas contra dificuldades contínuas e de constantes desafios. O ideal educativo não floresce senão regado com muito amor, altruísmo, renúncia ao comodismo e combate à estagnação.

Desejamos continuar o serviço à comunidade com um trabalho que a dignifique, cada vez mais, através de uma ação onde os valores morais preponderem sobre os demais.

Prosseguiremos, calcados no lema permanente desta instituição, cultivando o espírito, robustecendo o físico, iluminando o espírito, ampliando a personalidade, enfim, criando o caráter.

É mister que a escola de hoje se atualize mas não se desvirtue jamais. Como instituição formativa, tem ela uma responsabilidade intransferível e, neste momento tão importante, uma solene conclamação se impõe: honrando o legado que herdamos de tantos quantos nos antecederam, “prossigamos firmes e constantes sabendo que nosso trabalho não é vão no Senhor”. A este Deus, Senhor e sustentador, toda a glória e a honra maior.

 

(Não revisto pela oradora.)

 

A SRA. PRESIDENTE: Convidamos a todos os presentes para, de pé, assistirem à entrega do título honorífico de Cidadã Emérita. (As pessoas presentes se levantam.)

(Lê.) “A Câmara Municipal de Porto Alegre confere o título honorífico de Cidadã Emérita a Thelma Frith Bagby, pela valiosa contribuição do seu trabalho em prol do engrandecimento da Cidade de Porto Alegre. Porto Alegre, 23 de outubro de 1986”. Assinam: Ver. Isaac Ainhorn, 1º Secretário da Casa e Ver. André Forster, Presidente.

Convidamos o Vice-Prefeito, Glênio Peres, para fazer a entrega do título.

 

O SR. GLÊNIO PERES: Tenho a honra de passar às suas mãos, em nome da nossa Cidade, o título que lhe confere a Câmara Municipal de Porto Alegre. (Palmas.)

 

A SRA. PRESIDENTE: Concedemos a palavra à nossa homenageada, Profa. Thelma Frith Bagby.

 

A SRA. THELMA FRITH BAGBY: Sra. Presidente, Srs. Vereadores e presentes.

Há 35 anos atrás vim para o Brasil sem saber uma palavra de sua bela língua, e sem conhecer uma só pessoa, isto porque Deus me indicou em diversas maneiras que era seu plano para a minha vida.

Desde a primeira vista da “Cidade Maravilhosa” me tornei entusiasmada pelo Brasil, minha terra adotiva. Pouco sonhava eu que ficaria tão apegada aos alunos do Colégio Batista e a tantos e tão grandes amigos que me cercam até hoje. Quando fomos aposentados custou-nos muito sair do Brasil.

Trabalhei no primeiro e segundo grau, durante 25 anos, e nos últimos dez anos como Reitora do Colégio Batista.

Nossos três filhos nasceram no Brasil. Dois são professores. Um é pastor evangélico. Todos os três são marcados indelevelmente pelos anos vividos aqui. Eles preferem falar Português, apreciando a cultura brasileira; acompanham tudo que se passa aqui. Sua maior felicidade é quando podem vir ao Brasil, e particularmente a Porto Alegre, onde estão suas raízes. Um é professor de Português na Universidade de Texas. Tornou-se conhecido pelas traduções de Machado de Assis e palestras sobre literatura brasileira. O segundo filho, pastor de uma igreja, situada no “campus” da Universidade de Baylor, não perde oportunidade de manifestar sua formação brasileira. O terceiro nunca seria a pessoa que é sem as bases culturais e a compreensão do privilégio de ter nascido aqui. Ainda no telefone, domingo, ele disse para seu pai e para mim, “Aproveita, aproveita por mim estes dias ali.”

Muitas vezes sou chamada de embaixadora (sem porta) do Brasil. Aceito este apelido porque onde quer que eu vá realizar palestras inúmeras, procuro fortalecer e estreitar os laços entre o Brasil e a América do Norte. Ao mesmo tempo divulgo entre os norte americanos toda a riqueza da terra brasileira e as características do seu povo - não por dever mas por entusiasmo sem fim, pela gratidão e nostalgia dos 35 anos que aqui vivi, sempre cercada dos amigos que tanto enriqueceram nossas vidas.

Para a difusão do Brasil criei um método próprio para os jovens que chamei O MEU ABECEDÁRIO! É claro que não vou citar todas as letras!

A é para Amazonas, explicando a importância desse rio...

C é para o seu excelente café, para  seu cacau, para carnaúba...

D é para seus diamantes...

F - a Fauna e Flora como o Jardim de Éden

G - para  seu Governo

 J - para os Jornais de alta qualidade. Regozijamos com a volta do Correio do Povo

K - para Kubitschek, que mudou a capital para Brasília - seus motivos, a abertura de novas estradas.

L - é para a sua Língua, tão colorida e expressiva.

N – para as muitas nacionalidades que têm achado felicidade aqui.

O - para as Oportunidades aqui.

P - a LETRA PRINCIPAL... para a sua mais rica possessão de todas...

Agora, de que modo vou transmitir a esta Casa meus sentimentos verdadeiros sobre a elevada honra que me foi concedida e me alegrou sobremaneira quando tomei conhecimento que esta concessão recebeu a unanimidade de todos os partidos políticos aqui representados. Refleti sobre a grandeza da homenagem e o pouco mérito de que realizei. Aceito a incumbência de representar dignamente e carinhosamente o povo desta Cidade, porque é a mais rica expressão deste grande país. Aceito porque amo o gaúcho e sua cultura que se manifesta nas trovas, nos trajes típicos, na hospitalidade amiga e generosa desta gente, na linguagem pitoresca, na música. “Prenda Minha” faz parte do meu cantar nos momentos de alegria de saudade do meu Brasil.

Orgulho-me de ser de hoje em diante uma CIDADÃ porto-alegrense no distante ALABAMA:

Muito, muito mais muito obrigada senhores representantes desta Cidade!

O Salmista diz: “As linhas caem-me em lugares deliciosas; sim, coube-me uma formosa herança!” Grata. (Palmas.)

 

(Não revisto pela oradora.)

 

A SRA. PRESIDENTE: Ao ensejo do encerramento desta Sessão Solene, compete à Presidência dos trabalhos dirigir algumas palavras.

Tivemos aqui, durante a tarde de hoje, uma homenagem ao Colégio Batista pela passagem do seu 60º aniversário e a entrega, simultânea, de um título honorífico de Cidadã Emérito. Falar sobre o Colégio Batista, nosso nobre Ver. Isaac Ainhorn já o fez, mas de qualquer maneira gostaríamos de falar um pouco. Evidentemente que homenagear uma casa de ensino, uma casa que trabalha com educação e que propugna dentro das suas metas o fortalecimento de personalidades, ou seja, criação de indivíduos fortes, de pessoas que venham num futuro próximo a ser os responsáveis pelos trabalhos desta Nação é, sem sombra de dúvida, algo feito com muita dignidade. Esta Casa, que representa o povo de Porto Alegre, em momento algum poderia deixar que transcorresse esta data sem lembrá-la.

Quanto à nossa cara homenageada, que recebeu hoje o título honorífico de Cidadã Emérita, se alguém tinha dúvidas de que ela deveria recebê-lo com o seu discurso deixou de tê-la, porque me parece que o seu pronunciamento nesta Casa foi um pronunciamento feliz de uma pessoa otimista, de alguém que continua achando que o mundo é maravilhoso e que tem jeito e que pode ser consertado por pessoas de boa vontade. Não resta dúvida de que esta Casa foi feliz de aprovar por unanimidade o Requerimento do Ver. Isaac Ainhorn, que em boa hora foi procurado por pessoas que a conheciam e que nós que não a conhecemos, pelo menos não tão de perto, e que tivemos oportunidade de hoje conhecer, ficamos gratificados e satisfeitos de saber que não erramos.

A nossa querida homenageada, professora Thelma, pode ir, como ela diz, feliz para o Alabama, porque nós estamos felizes com a homenagem que esta Casa prestou a ela.

Nada mais havendo a tratar, encerro a presente Sessão, convocando os Srs. Vereadores para a Sessão Ordinária de amanhã, à hora regimental.

 

(Levanta-se a Sessão às 15h28min.)

 

Sala das Sessões do Palácio Aloísio Filho, 23 de outubro de 1986.

 

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